domingo, 17 de junho de 2012

Jack White, gênio versátil




"O que estamos fazendo da vida além das coisas rotineiras: comer, beber, dormir, trabalhar, fazer sexo? Essas coisas todo mundo faz. O que está nos movendo para além? Quais as paixões que inspiram nossas ações no mundo, e que ações são essas? O que nos dá tesão de voltar para casa depois do trabalho, ou de acordar cedo num fim de semana?"

São estas as perguntas que Jack White se fez quando resolveu sair do "The White Stripes" (grupo que o popularizou e onde cantava e tocava junto à ex-esposa Meg White) e fundar a banda "The Dead Weather". Ele, que sempre foi apaixonado pela música, tinha em mente que não queria jamais perder essa paixão, e sentia que estava começando a fazer música burocraticamente, sem gosto, sem desafio, sem alegria. Na verdade, simultaneamente ao "The White Stripes" ele já houvera criado a banda "The Raconteurs", justo para evitar o tédio, o atrelamento às vontades das gravadoras, a mercantilização, o afastamento da arte e de suas convicções musicais para fazer parte do "show business", que levou muita gente boa do rock, como por exemplo Kurt Cobain e Jimi Hendrix, à depressão, às drogas e à morte.
Mas para White não era suficiente atuar em bandas diferentes, evitar a influência das gravadoras e das demandas do mercado. Ele queria mais: participar de todas as atividades ligadas à produção dos discos, conviver e trabalhar com gente diferente além de seus colegas de banda, diversificar suas atividades o máximo possível - ainda que se mantendo no âmbito da arte em geral e da música em particular. Foi nesse espírito, e graças também a seu sucesso com a crítica, competência e popularidade, que tocou como artista solo com gente diversificada como Jeff Beck, The Rolling Stones, Alicia Keys, Bob Dylan, Electric Six, Isane Clown, Loretta Lynn - da qual inclusive produziu e tocou no álbum "Van Lear Rose", de 2004 - entre muitos outros. E isso até hoje: ele gosta de estar sempre entre pessoas e estilos diferentes.
Foi também no mesmo espírito que participou do excelente filme "It Might Get Load", dirigido por Davis Guggenheim, com os grandes Jimmy Page (lenda viva do Led Zeppelin) e The Edge (U2), que trata das diferentes fases do rock'n'roll e sobre como foi criado o estilo de cada um dos três de tocar guitarra.

Trailer do filme "It Might Get Load", com Jack White, Jimmy Page e The Edge

E Jack White não pára. Lançou o disco country "Weather", pelo qual foi premiado com o título de "Nashville Music City Ambassador" (Embaixador Musical da Cidade de Nashville) pelo prefeito de Nashville, Karl Dean, em 2011. Tem uma gravadora própria e agora, em abril de 2012, acaba de lançar um álbum solo: "Blunderbuss", onde mostra que domina todos os estilos, do rock pesado ao country e o blues.
Entrevista com Jack White pelo jornal O Globo 
JG: Com qual estilo você realmente se identifica? 
Jack White: Acho que há artistas que se limitam muito, entram numa gravadora e se propõem a fazer um disco de rhythm and blues, ou um disco pop. Eu nunca entrei num estúdio e disse: eu tenho que fazer este ou aquele tipo de música. O que surgir, seja uma música country ou rock, eu apenas deixo fluir, o que vier na minha cabeça.
JG: Com o "The White Stripes", você fez uma turnê no Brasil em 2005. Que memórias tem de seus shows neste país?
Jack White: Uma das minhas melhores lembranças foi o show que fiz em Manaus, naquele teatro histórico, no meio do Amazonas. Foi incrível chegarmos num lugar tão distante e ainda encontrarmos tantos fãs. E isso era o que queríamos nessa turnê pela América Latina, não estávamos interessados no dinheiro; na verdade tivemos prejuízo, mas queríamos ir a lugares diferentes, onde nunca havíamos ido antes, fazer arte pura e receber a resposta de um público não condicionado pelo que é sucesso nas paradas. Eu adoraria voltar ao Brasil, foi uma das melhores turnês que eu fiz. O público é eletrizante, animado, cheio de energia; meus shows lá foram incríveis.
JG: E o "White Stripes" tem chance de voltar? 
Jack White: Não vamos voltar, está acabado. Foi uma decisão mútua. Foi uma coisa linda que eu e Meg conseguimos criar juntos, terminá-la foi com certeza uma decisão difícil de tomar. Tivemos muita sorte de conseguir criar coisas bacanas no White Stripes e acho que temos que respeitar isso.  
Obs.: Jack White (John Anthony Gillis), nascido em 12 de março de 1975, frequentemente citado como Jack White III, é cantor, compositor, produtor, multi-instrumentista e ocasionalmente ator, entre outras atividades eventuais. Gênio precoce da guitarra, dono de enorme carisma, voz privilegiadíssima e grande presença cênica, está na lista "The 100 Greatest Guitarrists of All Time" (Os 100 Maiores Guitarristas de Todos os Tempos) da revista Rolling Stone. É considerado por muitos um dos únicos, senão o único, músico da atualidade que preserva a qualidade do bom rock. Tem uma particularidade: consegue solar na guitarra e cantar ao mesmo tempo com grande facilidade, ao contrário da grande maioria. 
                                                                                               Liane Dornelles
 

1 comentários:

Blog da Marjuriher disse...

Adorei, Lilly! Olha, na verdade, eu ouvia falar de Jack White, mas quase não ouvia; assim que você fez uma primeira postagem sobre ele aqui no Lero, fiquei fanzaço. Ele é realmente muito talentoso, tem uma qualidade vocal e instrumental fantástica e, como você já´disse, é muito versátil. Um grande artista! Obrigado por compartilhar com a gente mais uma bela postagem com mais um excepcional cantor.

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