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Um sambista que, pelo menos nos dias de hoje, não sabe sambar bem; um visual que lembra mais um roqueiro de cabelos e barbas longas lá pelo fim dos anos 60; um músico que fica o tempo todo tocando piano. Uma figura que reúne todas essas características tinha tudo para não dar certo, mas não é o que acontece com Benito di Paula.
Um dos maiores fazedores de sucesso da década de 70, o fluminense de Nova Friburgo que resolveu trocar o nome Uday Veloso pelo apelido Benito di Paula, com o qual levou seu samba jóia a liderar as paradas e vender milhares de discos, finalmente gravou seu primeiro DVD.
Inesquecíveis Retalhos de Cetim
O espetáculo da última sexta-feira (17/7) no Vivo Rio era ao mesmo tempo histórico e uma incógnita. Final, Benito ficou sumido por muito tempo: “Fiquei meio esquecido, de lado, mas sempre no coração de vocês”, disse em determinado momento do show, e vem se apresentando em palcos menores com uma pequena banda ou mesmo solo no piano. Como ficaria o seu som com uma banda formada por mais de dez músicos?
Gruas, câmeras em trilhos e um belo aparato mostravam que o artista e a gravadora EMI não pretendiam poupar na hora de registrar a obra de alguém que, embora seja considerado brega por muitos, tem melodias, harmonias e letras que não passam nem perto da breguice que o seu visual e o do palco apresentavam – detalhe para o lustre, importante parte da cenografia.
Trajado com uma incrível combinação de fraque rosa, com um colã rosa, calça de veludo… rosa e um sapato brilhantemente preto, o cantor, que apresentava uma saliente barriga, mas manteve-se fiel ao visual que o consagrou, subiu ao palco do Vivo Rio com quase uma hora de atraso, para uma platéia de muitos convidados.
Os primeiros acordes de Bandeira do Samba se mostraram fora de sincronia, a voz tinha um volume muito maior que o ideal, o que já dava a dica de que essa seria uma das canções que precisariam ser repetidas ao fim do set. Set que teve homenagens a Lupcínio Rodrigues, Tom Jobim e Tim Maia – quando alguém alcoolizado além da conta resolveu rir e falar alto, o que deve ser apagado na mixagem – , além de citar Chico Buarque, entre outros.
Se o início do espetáculo mostrou um Benito nervoso, reticente e enrolado com fios de microfone e fones de ouvido, do meio para o fim foi tudo festa e o bis e repetições foram mais que bem vindas, além da boa participação de seu filho, Rodrigo, em A Beleza que é Você, Mulher.
Detalhe importante: A voz continua com a mesma potência e afinação dos bons tempos.
Verdade que a casa do Aterro do Flamengo não viveu seus dias mais oncorridos e que a quantidade de convidados parecia ser maior do que a do público pagante (pelo menos do lado de fora a fila de convidados era sempre maior), mas a gravação acabou se transformando em uma bela homenagem a obra de um dos artistas mais populares da MPB.
Charlie Brown, Vai Ficar Na Saudade, Se Não For Amor, Amigo do Sol, Amigo da Lua, Mulher Brasileira, Assoviar e Chupar Cana, Sanfona Branca e até mesmo as quatro ineditas do set são pérolas de alguém de um tempo onde fazer sucesso não era fácil em decorrência da competição, muito mais qualificada que na maioria dos dias de hoje.
Na boa, quero muito ver como ficará o DVD.
As canções do show:
Bandeira do Samba
Do Jeito qua a Vida Quer
Como Dizia o Mestre
Assoviar e Chupar Cana
Se Não For Amor
Osso Duro de Roer
A Beleza que é Você, Mulher
Pagode da Cigana
Maria Baiana Maria
Sanfona Branca
Ah! Como eu Amei
Violão Não se Empresta a Ninguém
Ficar Ficamos
Mulher Brasileira
Me Dê Motivo
Unidos de Tom Jobim
Tudo Está no Seu Lugar
Charlie Brown
Retalhos de Cetim
Publicado por: Fernando de Oliveira
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