De Chico a Pelé, centenas de craques da música e da bola mostram que o esporte combina com todos os ritmos porque é a cara do Brasil
O casamento de Garrincha
com Elza Soares não foi o único evento a unir futebol e música no
Brasil. Desde 1912, quando Bonfiglio de Oliveira fez um choro batizado de
Flamengo, a união faz sucesso em todo país.
Depois dele, Pixinguinha, Wilson Batista e Noel
Rosa também fizeram músicas inspiradas no esporte. O namoro virou
casamento quando Lamartine Babo foi desafiado a compor hinos para os grandes
clubes da cidade, em 1929. Em uma só tacada, lançou as músicas que até hoje são
cantadas pelas torcidas nas arquibancadas. Não são simples gritos de guerra,
são canções lindas, melodiosas, diz o cantor Wilson Simoninha, palmeirense,
apaixonado por futebol e autor da música Aquele Gol.
Em uma reportagem publicada em 1978, a revista
Placar levantou que existiam, à época, 150 títulos ligados ao futebol. De lá
para cá, vieram outras centenas. Sucessos de cantores e grupos de todos os
estilos, como Chico Buarque, Elis Regina, Jorge Ben, Jackson do Pandeiro, João
Bosco, Skank, O Rappa, Marcelo D2. O futebol combina com todos os ritmos porque é a cara do
Brasil, explica Simoninha. O Brasil é um país muito variado, com grandes
diferenças culturais, e tanto o futebol quanto a música refletem isso.
A tabelinha fez sucesso até com quem não é cantor
profissional. Sílvio Santos lançou Coração Corintiano. Pelé tocou com Roberto Carlos e
Elis Regina. O ex-centroavante do Santos e da seleção brasileira Serginho
Chulapa também se arriscou no microfone. Seu companheiro na Copa de 1982, o
lateral Júnior, ex-Flamengo, chegou a lançar dois discos. Às vésperas do
mundial da Espanha, ele gravou Voa Canarinho, música que virou fenômeno de
futebol-arte. Depois, em 1995, gravou um CD só com músicas em homenagem a seu
querido Flamengo.
Chico Buarque jogando com a camisa do Fluminense, seu time do coração, embora também tenha seu próprio time, o Politheama. Ele também fez música sobre futebol (mais abaixo).
Desde criança, o craque
participava de rodas de samba e aprendeu cedo a tocar pandeiro com um tio, em
Copacabana. Mas nunca teve a pretensão de se tornar profissional. Todo jogador
gostaria de ser um pouco cantor, e todo cantor gostaria de ser um pouco jogador
de futebol, afirma. Simoninha concorda. Não sei o que é mais legal: a emoção de
marcar um gol na pelada ou a de subir num palco com milhares de pessoas me
aplaudindo, compara.
Veja uma linha do tempo com as músicas mais marcantes dessa parceria:
- Flamengo - 1912 - Bonfiglio de Oliveira - Uma das primeiras músicas inspiradas em futebol no Brasil. Há divergência sobre sua criação, se em 1911 ou 1912. O certo é que o chorinho é uma homenagem do trompetista Bonfiglio de Oliveira à entrada do Clube de Regatas Flamengo no campeonato de futebol do Rio de Janeiro.
- 1 x 0 - 1919 - Pixinguinha, Benedito Lacerda e Nelson Ângelo - Pixinguinha teve a idéia de compor a música em homenagem a um gol marcado pelo grande craque brasileiro do início do século, Arthur Friedenreich, na decisão contra o Uruguai no Campeonato Sul-Americano de 1919. Após marcar de voleio o gol da vitória, o craque foi carregado pelos braços do estádio das Laranjeiras até o centro do Rio de Janeiro. Durante anos, Pixinguinha apenas tocou o choro, que passou a ser cantado somente muito tempo depois.
- Um a um - 1954 - Jackson do Pandeiro - Para Alceu Valença, Jackson do Pandeiro é o Garrincha da música. Na década de 1950, o paraibano radicado no Rio de Janeiro encantou o país com a irreverência de suas composições. Ficou célebre com Um a Um, em que exalta o futebol ofensivo da época em que a seleção não entrava em campo com três volantes: um empate pra mim já é derrota. A música foi mais tarde regravada pelos Paralamas do Sucesso, que deram um toque moderno à letra. O center-forward virou centroavante, e Romário e Bebeto entraram no jogo.
- Na cadência do samba/Que bonito é - 1956 - Luis Bandeira - Apesar de não ter sido composta para homenagear o futebol, a música que exalta a mulata e a gafieira virou sinônimo do esporte. A relação começou quando, nos anos 1950, foi escolhida como trilha sonora do cine-jornal Canal 100, que exibia semanalmente no cinema documentários sobre os grandes craques da época. O Canal 100 funcionou até 2000, mas a música de Luis Bandeira até hoje tem tudo a ver com futebol.
Veja uma linha do tempo com as músicas mais marcantes dessa parceria:
- Flamengo - 1912 - Bonfiglio de Oliveira - Uma das primeiras músicas inspiradas em futebol no Brasil. Há divergência sobre sua criação, se em 1911 ou 1912. O certo é que o chorinho é uma homenagem do trompetista Bonfiglio de Oliveira à entrada do Clube de Regatas Flamengo no campeonato de futebol do Rio de Janeiro.
- 1 x 0 - 1919 - Pixinguinha, Benedito Lacerda e Nelson Ângelo - Pixinguinha teve a idéia de compor a música em homenagem a um gol marcado pelo grande craque brasileiro do início do século, Arthur Friedenreich, na decisão contra o Uruguai no Campeonato Sul-Americano de 1919. Após marcar de voleio o gol da vitória, o craque foi carregado pelos braços do estádio das Laranjeiras até o centro do Rio de Janeiro. Durante anos, Pixinguinha apenas tocou o choro, que passou a ser cantado somente muito tempo depois.
- Um a um - 1954 - Jackson do Pandeiro - Para Alceu Valença, Jackson do Pandeiro é o Garrincha da música. Na década de 1950, o paraibano radicado no Rio de Janeiro encantou o país com a irreverência de suas composições. Ficou célebre com Um a Um, em que exalta o futebol ofensivo da época em que a seleção não entrava em campo com três volantes: um empate pra mim já é derrota. A música foi mais tarde regravada pelos Paralamas do Sucesso, que deram um toque moderno à letra. O center-forward virou centroavante, e Romário e Bebeto entraram no jogo.
- Na cadência do samba/Que bonito é - 1956 - Luis Bandeira - Apesar de não ter sido composta para homenagear o futebol, a música que exalta a mulata e a gafieira virou sinônimo do esporte. A relação começou quando, nos anos 1950, foi escolhida como trilha sonora do cine-jornal Canal 100, que exibia semanalmente no cinema documentários sobre os grandes craques da época. O Canal 100 funcionou até 2000, mas a música de Luis Bandeira até hoje tem tudo a ver com futebol.
Chico e Bob Marley - parceria na música e no futebol
- Aqui é o país do futebol - 1969 - Intérprete: Elis Regina - Milton Nascimento e Fernando Brant compuseram a música para o filme Tostão, a Fera de Ouro, lançado em 1970. Dirigido por Paulo Leander e Ricardo Gomes Leite, o documentário narra a vida do craque e sua consagração na Copa de 1970. A música entra no ufanismo do título e entoa que o Brasil fica vazio nas tardes de domingo porque é dia de futebol.
- Fio Maravilha - 1972 - Jorge Ben - A mais conhecida de todas as canções em homenagem a jogadores foi inspirada em um atacante que nunca foi craque. Longe disso. João Batista de Sales, o famoso Fio Maravilha, defendeu o Flamengo e era desengonçado e folclórico. Uma espécie de Obina dos anos 1970. Na época, a música era cantada por milhares de flamenguistas no Maracanã. O curioso é que Jorge Ben teve que mudar sua letra para Filho Maravilha e só foi autorizado pelo jogador a retomar o refrão original em 2007.
- Gol anulado - 1976 - João Bosco e Aldir Blanc - João Bosco e Aldir Blanc exploram outro grande filão das músicas sobre futebol: misturam o drama do esporte à paixão pelas mulheres. Eu aprendi que a alegria de quem está apaixonado é como a falsa euforia de um gol anulado, diz a letra da canção, lançada no LP Galos de briga. Junto com a música O Ronco da Cuíca, Gol Anulado ajudou a dupla a ganhar, em 1976, o troféu de Compositores do Ano.
- Povo feliz/Voa canarinho voa - 1982 - Memeco e Nono - A música virou símbolo da Copa de 1982 após o lateral Júnior, ex-Flamengo, gravá-la num LP às vésperas do Mundial. O disco, com a cabeleira de Júnior estampada na capa, vendeu mais de 600 mil cópias em 1982. Até hoje, Júnior dá suas palhinhas e a canção composta por Memeco e Nonô é identificada com uma das melhores seleções brasileiras de todos os tempos.
- O futebol - 1989 Chico Buarque - Chico compôs a música para homenagear os ídolos de sua infância, que assistia jogar no Pacaembu e no Maracanã: Garrincha, Didi, Pagão, Pelé e Canhoteiro. O cantor e compositor sempre foi apaixonado por futebol e pelo Fluminense. Costuma terminar seus shows e ir direto para o campo jogar uma pelada junto com seu time, o Politheama, que tem inclusive hino gravado por ele.
- É uma partida de futebol - 1996 - Skank - Até hoje a música dos mineiros do Skank é trilha sonora de clipes de futebol de todo o Brasil. Na história das canções sobre o esporte, é uma das composições mais detalhistas. Cada detalhe do jogo é contemplado. A bola na trave que não altera o placar, a chuteira que veste o pé descalço, o torcedor que chora pelo seu time. Afinal, quem não sonhou em ser um jogador de futebol?
Geral do Grêmio + AC/DC - uma dupla quentíssima
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