Proletariado x burguesia – Será que dá música? Se a vida imita a Arte, a música representa a Vida. Você acha que o dia a dia pode ser musicado? Ou não? Olha, quem disse que 'não' é porque desconhece as possibilidades, as idéias geniais e "mirabolantes" e a enorme responsabilidade social daqueles que, conscientemente, desempenham produtivamente seu espaço na mídia e na sociedade. É justamente o buscar o caminho contrário da "preguiça musical" a que o Carlos da Costa se referiu. É ter coragem e buscar espaço útil no mundo. Vivemos um momento “tenso”, bombeiros reinvidicam melhores salários, condições dignas de trabalho, o mínimo necessário para o desempenho de sua honrada função. Professores igualmente desprezados pelo Poder rebelam-se pacificamente e vão às ruas clamar por melhores salários. E médicos e policiais e o judiciário, trabalhadores em geral e por aí vai, gente como a gente que tão-somente espera o que deveria ser, de antemão, respeitado em suas vidas pessoais e profissionais: dignidade!
Levando-se em consideração que a verdadeira
Liberdade-Igualdade-Fraternidade só poderá ser possível através de um, até então,
utópico equilíbrio burguesia-proletariado, aguardamos esperançosamente lembrando
nosso poeta Agenor de Miranda Araújo Neto – o Cazuza. Revolucionário,
contestador, talvez não exatamente um "bom exemplo”, mas que,
inegavelmente, com seu jeito espontâneo e polêmico abalou, e muito, os
alicerces da sociedade pseudo-puritana dos anos 1980. Seu último disco,
Burguesia, foi gravado quando o cantor já estava numa cadeira de rodas,
soropositivo e bastante enfraquecido devido ao HIV. Álbum dual, com rock/MPB,
que lhe rendeu um Prêmio Sharp – homenagem póstuma. Amado por uns, criticado
por outros, nunca ignorado, Cazuza e seu Burguesia é parte importante na nossa
música.
Fica aqui a música protesto-despedida de Cazuza:
Autora: Renata Afonso
1 comentários:
Renata, sempre gostei muito da poesia de Cazuza, da música dele, de suas inúmereas frases incríveis, românticas, polêmicas, engajadas; mas sempre muito densas, profundas. Minha ideologia política não me permite imaginar que o tema proletariado x burguesia possa dar música, pelo menos uma capaz de musicar nossos dias. O contexto da denúncia, da constatação crítica contidas nesta canção é atual, renova-se, e uma classe subjugada por outra continua a encontrar muitas barreiras para se desvencilhar de uma série de dependências da classe que detém o comando, que determina regras, direitos e deveres - que não são iguais para todos. Cazuza, sensível a essas disparidades muito presentes e marcantes em nossa estrutura sócio-econômica passa, em prosa e verso toda sua indignação diante de tudo isso! É, Cazuza, enquanto houver burguesia não vai haver poesia, porque as desigualdades e injustiças sociais realmente podem despoetizar esse enredo, mas podem também fazer da poesia algo de beleza ainda mais rara e preciosa!
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