terça-feira, 16 de abril de 2013

Você conhece o Gary Floyd? Não? Ah, mas vai conhecer, não tenha dúvida... E muito.





Todo início de caminhada é difícil

Aos 14 anos, um amigo da escola me emprestou um “The Best of” do Pink Floyd, uma compilação de clássicos como “Another Brick in the Wall” e de canções menos famosas do grupo, como "The Gunners Dream".  Uma das faixas do CD era “Time”. Lembro-me de ouvir essa música todo dia, o dia todo. Tudo em “Time” é magistral, mas o que mais me encantou foi o solo da canção. O feeling de David Gilmour me impactou como um soco no estômago: os bends, as pausas, os vibratos; tudo aquilo contido no solo de “Time” me deixava sem ar. 


Nessa época eu era apenas um ouvinte, não sabia tocar nenhum instrumento, mas “Time”, de uma maneira que não sei explicar, me instigou a aprender violão. “Eu tenho que aprender esse solo”, eu dizia a mim mesmo. Alguns meses se passaram até que completei 15 anos e finalmente criei coragem de aprender a tocar violão. Meu pai relutou bastante em comprar o instrumento, até que acabou cedendo e eu ganhei um violão Michael com cordas de aço — que me causaram fortes dores no pulso ao fazer uma pestana, mas eu quase nem sentia, tal era o meu encantamento e a avidez em tocar.

Enfim, eu estava diante de um violão, e aquilo me assustava. Alguns colegas que já sabiam tocar falavam em dó maior, menor, escala pentatônica, tablaturas, o que parecia grego para mim. Lá fui eu aprender tablatura. Consegui tocar Nirvana — na época eu nem odiava Nirvana. Depois, algumas músicas do Oasis. Então, com a tablatura do solo de “Time” em mãos, eu me tranquei no quarto e fui treinar — e o pulso doendo. No entanto, só passei a entender o violão quando compreendi o que era uma escala cromática e como eu poderia usá-la para formar acordes - as chamadas tríades e tétrades.

Do violão para a guitarra

Perto de completar 16 anos, eu estava ávido em empunhar uma guitarra e explorar suas possibilidades sonoras, timbres, efeitos. Tinha  grande predileção por reverb e delay. Executar o solo de “Time” com delay foi, digamos, orgástico. Comecei a comprar revistas de guitarra com aulas sobre o instrumento e me deparei com a tal da escala pentatônica que tanto falavam. Ok, naquele momento eu tinha à minha disposição uma guitarra, um amplificador, uma pedaleira e muito tempo livre. E naquela época, treinar cinco horas diárias era muito prazeroso — um prazer que em muitos momentos foi substituído pelo alto consumo de álcool por um longo tempo. Mas calma lá, tratarei desse etílico assunto mais adiante.

Em seguida, passei a ouvir guitarristas como Steve Vai, Joe Satriani e Eddie Van Halen — e aí me dei conta de que o buraco era mais embaixo. Com Van Halen me veio o interesse em estudar tapping, técnica que consiste em executar ligados, arpejos e escalas com as duas mãos no braço da guitarra.  Para mim, deveria existir algo mais que pudesse abrir minha mente para criar melodias, e foi aí que eu e um colega, que também estava iniciando seus estudos musicais, começamos a explorar os chamados “modos gregos”. Pronto: com isto eu finalmente havia conseguido o mínimo de noção para compor pequenas frases e solos.

And I have become comfortably numb...

Minha adolescência, como a de muitos, não estava sendo fácil; eram muitos os problemas. Eu procurei uma fuga além da música, e a encontrei no álcool. E por que estou contando isso? Ora, nenhuma autobiografia — por menor que seja, como esta que vocês estão lendo agora - tem graça se não vier acompanhada de confissões. Mas tenho a dizer que o álcool também me ajudou a compor. As cervejas e cachaças que tomei em bares e bancos de praça intensificaram minha criatividade.

Quando não era o álcool que me inspirava, era o meu sofrimento que trazia uma lúgubre motivação para pegar a guitarra e criar.  Há quem diga que as rasteiras da vida servem para se crescer, progredir. Não sei. Só sei que doía e eu não conseguia evitar me lamentar. No entanto, os problemas vinham e me diziam fortemente: “Não importa o que aconteça, componha, apenas componha”. E lá se vão onze anos nessa estrada, quase 120 músicas compostas e a incerteza se tudo isso valerá a pena. Por enquanto, vou caminhando, sem olhar pra trás e procurando não pensar muito, "viver o momento de agora", como dizem. Tenho tido o apoio de alguns amigos que me incentivam, como a Lilly, que tenta me dar alguns toques sobre minha postura diante da arte, da música e da vida e escreve para este blog, e a Afrodite, a mulher que também me dá conselhos e suporte emocional e que teve a gentileza de produzir os vídeos que seguem abaixo.

Gary Floyd
 



 Shred




 
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