(Esta postagem é uma pequena homenagem a uma pessoa muito especial, meu querido amigo Henrique, também deficiente físico e um cara de muita coragem e determinação).
Marcelo Yuka: “O que eu preciso pra viver em paz?”
Marcelo Yuka é uma das figuras mais marcantes da música brasileira e foi o maior responsável pela colocação da banda "O Rappa" na relação das grandes bandas nacionais. Não só era o baterista como também moldava todo o discurso e posicionamento musical e ideológico do grupo. Marcelo Yuka ERA o grupo. No entanto, no auge da carreira, ele foi quase engolido pelo drama que transformou toda a sua vida: no ano 2000, num assalto em que levou nada menos que 9 tiros, ficou tetraplégico. Porém, numa feliz e surpreendente guinada, algum tempo depois nasceu um novo Marcelo Yuka, um homem que obrigou-se a descobrir novas formas de lidar com o próprio corpo, com a própria mente e também de se posicionar no mundo. Agora, no dia 30/11, ele vai lançar o documentário “No Caminho das Setas”, sobre toda a trajetória de transformação que sucedeu o incidente, contando detalhes sobre sua ruptura com "O Rappa", suas novas empreitadas musicais, como a criação do F.U.R.T.O., como foi o processo de adaptação à sua nova condição física, entre outras coisas. Sempre interessada em sua música e no que estava realizando depois do acidente, fiquei bastante curiosa em assistir o documentário e também ouvir o material solo de Yuka.
Marcelo Yuka é uma das figuras mais marcantes da música brasileira e foi o maior responsável pela colocação da banda "O Rappa" na relação das grandes bandas nacionais. Não só era o baterista como também moldava todo o discurso e posicionamento musical e ideológico do grupo. Marcelo Yuka ERA o grupo. No entanto, no auge da carreira, ele foi quase engolido pelo drama que transformou toda a sua vida: no ano 2000, num assalto em que levou nada menos que 9 tiros, ficou tetraplégico. Porém, numa feliz e surpreendente guinada, algum tempo depois nasceu um novo Marcelo Yuka, um homem que obrigou-se a descobrir novas formas de lidar com o próprio corpo, com a própria mente e também de se posicionar no mundo. Agora, no dia 30/11, ele vai lançar o documentário “No Caminho das Setas”, sobre toda a trajetória de transformação que sucedeu o incidente, contando detalhes sobre sua ruptura com "O Rappa", suas novas empreitadas musicais, como a criação do F.U.R.T.O., como foi o processo de adaptação à sua nova condição física, entre outras coisas. Sempre interessada em sua música e no que estava realizando depois do acidente, fiquei bastante curiosa em assistir o documentário e também ouvir o material solo de Yuka.
Deixo esta fala de Marcelo no TEDxSudeste como sugestão e aperitivo para despertar o interesse de vocês pelo documentário.
(VEJA EM TELA CHEIA - BASTA CLICAR NO CANTO INFERIOR DIREITO DO VÍDEO).
Mente, meditação e ação no mundo
“Eu tinha noção de que o meu corpo tinha parado, mas achei que ia melhorar. Mas logo em seguida há uma fase em que a mente não acompanha a mudança do corpo, porque ela é muito rápida. Passei 34 anos andando, me movendo, trabalhando com meu corpo. É uma mudança dificílima. Eu não conseguia assimilar aquilo e caí numa depressão negra.”
“Então, busquei formas de superar minha condição e, entre outras coisas, tive acesso ao yoga, comecei a meditar, o que gerou uma profunda mudança na minha vida. Comecei a ler mais sobre neurociências e cheguei até um livro de 2006 que fala das pesquisas aprofundadas de cientistas sobre a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de buscar novas formas de ação, porque quando o corpo está lesionado, há uma forte tendência a que a mente se deforme para que outros sentidos sejam mais aguçados."
(…)
"Nesse livro, esses neurocientistas vão até o Dalai Lama para estudar os lamas da contemplação, monges que ficam muito tempo meditando. Ele, com a sua cordialidade, mansidão e prontidão habituais, permitiu que os estudiosos filmassem e fotografassem esses monges em alta meditação. E o que observaram foi que a parte responsável pela felicidade fica enorme no cérebro deles. Isso é a constatação científica de que a mente é inteligente, sutil e prodigiosa, ela consegue movimentar o físico e criar um novo "formato" para si, afiando outros sentidos.”
“Comecei a ver que isso me dava uma nova noção do corpo. Que o meu corpo tinha algo como uma lagartixa que podia se regenerar, que podia buscar novas habilidades e virtudes sempre, que não era só uma questão de educação, de formação, mas também uma compensação vinda da adversidade."
"Então pensei: que corpo eu quero ter? Qual o tamanho do meu corpo? Como artista, eu percebi que o tamanho do meu corpo, nem que fosse na porrada, tinha que ser o tamanho da minha sensibilidade. Ele não é o meu tamanho físico, mas o tamanho daquilo por que, por quem e como eu emociono.”
Além de ter-se notabilizado como um dos grandes compositores dos anos 90, sendo o autor da maioria das canções do Rappa, falando nelas da sociedade e da política, criticando a vida sem justiça que as pessoas levam nos dias atuais, Marcelo é líder de uma ONG de nome homônimo à sua atual banda, a F.U.R.T.O., e luta por maior realização de pesquisas com células tronco, para que estas possibilitem que ele e outros deficientes voltem a andar.
A paz que eu não quero
(VEJA TAMBÉM EM TELA CHEIA - DA MESMA FORMA ACIMA SUGERIDA: CLICANDO NO CANTO INFERIOR DIREITO DO VÍDEO).