Safatle é professor de Teoria das Ciências Humanas na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP. |
Após ter sido chamado de elitista por alguns leitores em repercussão de um artigo denominado “O fim da música” publicado em
sua coluna semanal na Folha de São Paulo, o filósofo e professor de
Filosofia da USP Vladimir Safatle discorreu sobre o assunto abordado no
programa Metrópolis da TV Cultura.
Segundo
o artigo, a música brasileira, que a princípio acompanhou o
desenvolvimento econômico do país e foi importante, inclusive, em sua
constituição e na consumação de algo que se pudesse chamar de
“identidade nacional”, passou, contudo, desde os fins dos anos 90 até
(e especialmente) o momento atual, a seguir os rumos ditados pela
indústria cultural e pelo sentimento de fim de nossos “horizontes”,
tanto criativos como políticos e afetivos.
Além
disso, trata-se de saber separar o aspecto sociológico e estético
deste tipo de análise. A crítica apresentada ao que se chama de música
brasileira atual também não é a crítica a uma arte genuinamente popular
(o que, supostamente, configuraria o elitismo), mas justamente ao pressuposto de que ela o é.
Ela
teria passado a configurar não apenas a ausência da complexidade
técnica e da consciência crítica, presentes ainda, por exemplo, na
música produzida entre os anos 70 e 80, mas seu completo esgotamento.
“Para
esses que escondem sua covardia crítica por meio de tal exercício,
lembraria da necessidade de desconstruir a farsa de um “popular” que
não traz problema algum para o dominante.”
A
diversidade musical (que ainda existe, é claro), diz o professor, é
deslocada dos focos da indústria cultural, o que acaba por
edificar estilos musicais como o funk e o sertanejo universitário como a
verdadeira expressão de nossa brasilidade atual. Soma-se a isso o fato
de que a população da periferia, principal consumidora destes estilos
musicais, está na maior parte das vezes privada do contato com essa
diversidade, disso resulta o verdadeiro bloqueio e esgotamento que eles
representam frente às possibilidades da música.
Assista ao vídeo completo abaixo:
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