terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O fim da música - por Vladimir Safatle



Safatle é professor de Teoria das Ciências Humanas na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP.
Após ter sido chamado de elitista por alguns leitores em repercussão de um artigo denominado “O fim da música” publicado em sua coluna semanal na Folha de São Paulo, o filósofo e professor de Filosofia da USP Vladimir Safatle discorreu sobre o assunto abordado no programa Metrópolis da TV Cultura.

Segundo o artigo, a música brasileira, que a princípio acompanhou o desenvolvimento econômico do país e foi importante, inclusive, em sua constituição e na consumação de algo que se pudesse chamar de “identidade nacional”, passou, contudo, desde os fins dos anos 90 até (e especialmente) o momento atual, a seguir os rumos ditados pela indústria cultural e pelo sentimento de fim de nossos “horizontes”, tanto criativos como políticos e afetivos.

Além disso, trata-se de saber separar o aspecto sociológico e estético deste tipo de análise. A crítica apresentada ao que se chama de música brasileira atual também não é a crítica a uma arte genuinamente popular (o que, supostamente, configuraria o elitismo), mas justamente ao pressuposto de que ela o é

Ela teria passado a configurar não apenas a ausência da complexidade técnica e da consciência crítica, presentes ainda, por exemplo, na música produzida entre os anos 70 e 80, mas seu completo esgotamento.
“Para esses que escondem sua covardia crítica por meio de tal exercício, lembraria da necessidade de desconstruir a farsa de um “popular” que não traz problema algum para o dominante.”

A diversidade musical (que ainda existe, é claro), diz o professor, é deslocada dos focos da indústria cultural, o que acaba por edificar estilos musicais como o funk e o sertanejo universitário como a verdadeira expressão de nossa brasilidade atual. Soma-se a isso o fato de que a população da periferia, principal consumidora destes estilos musicais, está na maior parte das vezes privada do contato com essa diversidade, disso resulta o verdadeiro bloqueio e esgotamento que eles representam frente às possibilidades da música.

Assista ao vídeo completo abaixo:









































































































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