Por r-tadeu | Na Mira do Regis
Infelizmente, a constatação é óbvia: nunca vivemos em uma época em que a música popular brasileira realmente popular
apresentasse um grau de burrice tão grande como nos dias atuais. A
impressão generalizada é que há algum tipo de pacto de estupidez entre
gente que se diz “artista” e uma imensa manada de pessoas que
transformaram a palavra “plateia” em sinônimo de agrupamento de
retardados.
A falta de capacidade cognitiva da grande maioria de brasileiros que consome música no Brasil gera uma total incompreensão sobre o significado poético de canções que ainda insistem em trazer letras que necessitem de uma capacidade cerebral superior a de um peixe para que possam ser apreciadas. Para esta geração, as canções de caras como Lenine, Ney Matogrosso e Gilberto Gil soam como tratados de Física Quântica musicados.
Hoje, é cada vez maior a dificuldade de prender a atenção destes milhões de verdadeiros “bagres”. Isso explica porque o sertanejo chamado de “universitário” e o funk imbecilizante se tornaram as novas coqueluches dentro do mercado nacional.
E quando escrevo “mercado”, nem me passa pela cabeça algo que se relacione com venda de discos, já que hoje também vivemos em tempos em que tudo pode ser pego “de grátis” na internet. Estes dois estilos musicais encontraram um público perfeito, desprovido de qualquer sinal de sensibilidade poética, para quem o importante é “beijar muito na balada”.
Para quem achava que a “axé music” era o fundo do poço, trataram de cavar mais um pouco para checar a uma camada de “pré-sal da estupidez”. Hoje somos o país do “tche tche rerê tetê barabará bereberê”, do “vem novinha sentar no meu colo” e de outras merdas do gênero.
A total falta de capacidade cerebral deste público foi tornada explícita recentemente com a tal polêmica a respeito do que o Zeca Camargo disse e, principalmente, no apoio que a iniciativa dos pais do falecido Cristiano Araújo – que, sabe-se lá por quê, resolveram processar o apresentador da Globo – vem recebendo por parte deste mesmo público retardado que citei anteriormente. Quase ninguém realmente entendeu o que o Zeca falou.
Neste exato momento, você deve se perguntar “Regis, por que você está escrevendo isto?” e a minha resposta é simples: porque estou cada vez mais preocupado em ver que um imenso rebanho de gente descerebrada está cerceando o direito de pensar de maneira diferente do senso comum imbecilizado.
Porque já saquei que fãs deixaram de ser apenas idiotas comuns para se tornarem censores imbecis. Porque já percebi que programas de TV se tornaram um imenso painel de cretinice para buscar a audiência desta imensa turma de bucéfalos, com a cumplicidade medrosa de atores, atrizes, cantores, cantoras e músicos em geral, que se escondem atrás de discursos e elogios mentirosos para não desagradar a verdadeira horda de mentecaptos que os assistem e consomem seus produtos.
Sim, este é um texto de um sujeito velho, ranheta e cada vez mais intolerante com o estado de coisas no Brasil, que ainda não se cansou de tentar elevar a voz para condenar o emburrecimento coletivo que assola o nosso País. Faço isso porque sei que uma Nação repleta de ignorantes é o prato cheio para a desgraça.
Foi assim que surgiu o nazismo e o tal Estado Islâmico: repita uma mentira dez milhões de vezes para um ignorante e ela se tornará uma verdade para ele.
Pense nisto…
1 comentários:
Estudo música desde muito cedo, sou cantor lírico e, dentre outros trabalhos, integrei por oito anos o Coral da Osesp (Sala São Paulo) e também fico preocupado e estarrecido com o rumo das coisas. Atualmente, faço o curso de educação musical da Ufscar e acredito que a obrigatoriedade do ensino de música no nível básico vem para tentar mudar esse panorama. A nova visão desse ensino de música seria, basicamente, formar bons ouvintes. Arrisco ir mais além e, resumidamente, digo que o despertar do senso crítico para a música ou os sons que nos cercam, tiraria as pessoas do torpor e anestesiamento para a percepção de outras questões.
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