Os Diskarados - P*taria no Baile : Foto Reprodução Youtube |
Refrões abjetos, rebaixamento da posição da mulher e imbecilização do povo, o que acontece com a música brasileira?
Pedro Henrique*
Enquanto orquestras tradicionais correm risco de fechar por
falta de patrocínio no Brasil, grupos e cantores com conteúdo
irrelevante e repetitivo ascendem cada vez mais com a ajuda da mídia
burguesa tradicional. A mesma mídia que tenta nos empurrar goela abaixo
vários ''artistas'' que tentam nos dizer através de suas músicas que
tudo está bem, que tudo é amor, e que é necessário ficar tranquilo que o
bem vence o mal no final. Isso na verdade pode até parecer levianismo,
já que ultimamente se vê uma ascensão astronômica de hits da Internet,
como o funk ostentação e aqueles com conteúdo extremamente erótico, colocando a mulher como um pedaço de amostra de carne.
Fenômenos como Anitta, Michel Teló e outros mais, sempre vão
surgir aqui e acolá, graças ao firme propósito do Sistema, que procura
emburrecer a classe trabalhadora, desrespeitando-a com letras de mau
gosto, servindo apenas para aumentar o próprio ego, falando de seu carro
importado, ou como o cantor se acha o legal por sair na balada e
‘pegar’ várias mulheres, falando de mulheres como se fosse mercadoria, e
os mais pobres, certamente consumirão esse produto, pois é este tipo de
gente que aparece na tv aos domingos, nos jornais e revistas de fofoca e
nas rádios ´´populares`` diariamente. O sistema sabe onde investe, não é
atoa que alguns estilos musicais vem recebendo investimento pesado do
Ministério da Cultura para divulgação e produção.
O funk mesmo degradando cada vez mais a mulher e
estimulando o consumismo fútil e exacerbado (onde se paga R$ 1.800 em um
óculos), ainda sim, dá uma pequena opção para jovens e crianças
ingressarem no mundo da música, opção infinitamente melhor que o mundo
do crime. Porém, esses mesmos jovens sem base educacional nenhuma, só
tem por opção, repetirem refrões e jargões tradicionais, ou criarem
novos, com conteúdo abjeto e besta, já que é isso que eles aprendem.
Atualmente vejo um gênero musical que ainda sofre muito preconceito, que é o rap,
onde a música serve como um instrumento de desabafo e reivindicação por
melhorias de um povo sem voz. Não é muito difícil simpatizar com esse
gênero, em qualquer visita à uma favela, em menos de cinco minutos você
verá que um cantor de rap, ou uma iniciativa ligada ao rap, faz muito mais do que qualquer projeto denominado criança esperança.
Acredito, que a música tem o poder de unir as pessoas, seja
de etnias, ideologias, crenças ou culturas diferentes, assim como tem o
poder também de expressão, de dizer que este mundo em que vivemos não
está tão certo assim como passa na TV. É necessário um discernimento e
começar a ver que essa música que nos vendem, só esta nos denegrindo e
pregando um ideal de vida totalmente míope de uma realidade revoltante
do qual vivemos.
*Pedro Henrique Salles é formado em Filosofia pela Unicamp e escreve regularmente para o Folha Social
1 comentários:
O povo emana os ídolos de hoje, e se a indústria musical está um lixo, é culpa do povão. Mas esses ídolos que elegem caem no ostracismo depois de um tempo, pois somente o que tem qualidade permanece imortal, como é o caso de bandas como Pink Floyd, Led Zeppelin, etc. Quem hoje ouve falar de Michel Teló?
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